22 de agosto de 2009

Lendas

CUCA


A Cuca é um dos principais seres mitológicos do nosso folclore. Ela é conhecida popularmente como uma velha feia na forma de jacaré que rouba as crianças desobedientes. A origem desta lenda está num dragão, a coca das lendas portuguesas, tradição que foi levada para o Brasil na época da colonização. A Cuca é um bicho imaginário criado e usado para fazer medo às crianças choronas que não querem dormir.
No Brasil
, a "Cuca" normalmente é descrita como tendo a forma de um jacaré com longos cabelos loiros. Isso na verdade se tornou mais popular por causa das várias adaptações para a televisão da obra infantil de Monteiro Lobato, o Sítio do Picapau Amarelo.


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BOTO COR-DE-ROSA


A lenda do boto cor-de-rosa, por possuir um caráter indígena, é muito popular na região Norte do Brasil. Segundo ela, ao anoitecer o boto cor-de-rosa, um famoso mamífero aquático da Amazônia, se transforma em um belo rapaz, de boa estatura e bem vestido, saindo em busca de uma mulher para namorar. O boto sempre usa um chapéu, justamente para esconder os orifícios que o caracterizam como peixe. Usando de sua grande habilidade como dançarino, o boto sempre flerta uma mulher, então, os dois saem para namorar. Após o passar do tempo, o boto abandona a mulher e retorna para o rio, pois quando amanhece o galante rapaz volta a sua forma de peixe. Após certo tempo, as mulheres descobrem que ficaram grávidas do boto. Por isso, sempre que uma mulher aparece grávida sem saber quem é o pai da criança, diz-se que ela ficou grávida do boto.

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MULA-SEM-CABEÇA


A lenda diz que toda mulher que namorasse um padre se tornaria uma mula-sem-cabeça. Esse monstro possuía a forma de uma mula marrom ou preta, soltando fogo do lugar onde ficaria a cabeça . Além disso, a mula-sem-cabeça tinha cascos de aço ou prata e um relincho que poderia ser ouvido a muitos metros de distância. Ela se transforma nas noites de sexta-feira e aterroriza todos os que atravessam o seu caminho. Para desencantá-la é preciso que alguém muito corajoso lhe arranque o cabresto ou pique-a com um alfinete para que sangre.


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VITÓRIA-RÉGIA


Diz a lenda que a Lua era um deus que namorava as mais lindas jovens índias. Em uma aldeia indígena, havia uma linda jovem, a guerreira Naiá, que sonhava com a Lua e mal podia esperar o dia em que o deus iria chamá-la. Os índios mais experientes alertavam Naiá dizendo que quando a Lua levava uma moça, essa jovem deixava a forma humana e virava uma estrela no céu. No entanto a jovem não se importava, já que era apaixonada pela Lua (Jaci). Essa paixão virou obsessão em um momento onde Naiá não mais queria comer nem beber nada, só admirar a Lua. Numa noite em que o luar estava muito bonito, a moça chegou à beira de um lago, viu a lua refletida no meio das águas e acreditou que o deus havia descido do céu para se banhar ali. Assim, a moça se atirou no lago em direção à imagem da Lua. Quando percebeu que aquilo fora uma ilusão, tentou voltar, porém não conseguiu e morreu afogada. Comovido pela situação, o deus Lua resolveu transformar a jovem em uma estrela diferente de todas as outras: uma estrela das águas – Vitória-régia. Por esse motivo, as flores perfumadas e brancas dessa planta só abrem no período da noite.

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SACI

O Saci-Pererê é uma lenda do folclore
brasileiro e originou-se entre as tribos indígenas do sul do Brasil. O saci possui apenas uma perna, usa um gorro vermelho e sempre está com um cachimbo na boca. Inicialmente, o saci era retratado como um curumim endiabrado, com duas pernas, cor morena, além de possuir um rabo típico.
Com a influência da mitologia
africana, o saci se transformou em um negrinho que perdeu a perna lutando capoeira, além disso, herdou o pito, uma espécie de cachimbo e ganhou da mitologia européia, um gorrinho vermelho. A principal característica do saci é a travessura, muito brincalhão ele se diverte com os animais e com as pessoas, muito moleque ele acaba causando transtornos como: fazer o feijão queimar, esconder objetos, jogar os dedais das costureiras em buracos e etc.
Segundo a lenda, o Saci está nos redemoinhos de vento e pode ser capturado jogando uma peneira sobre os redemoinhos. Após a captura, deve-se retirar o capuz da criatura para garantir sua obediência e prendê-lo em uma garrafa. Diz também a lenda, que os Sacis nascem em brotos de bambus, nestes eles vivem sete anos e após esse tempo, vivem mais setenta e sete para atentar a vida dos humanos e animais, depois morrem e viram um cogumelo venenoso ou uma orelha de pau.


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BOITATÁ




Segundo Luís da Câmara Cascudo é o primeiro mito a ser registrado no Brasil. Foi o padre José de Anchieta quem o referiu pela primeira vez, na Carta de São Vicente, datada de 31 de maio de 1560, como "um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os...". A idéia era de uma luz que se movimentava no espaço, daí, " Veio a imagem da marcha ondulada da serpente ". Foi essa imagem que se consagrou na imaginação popular. Descrevem o Boitatá como uma serpente com olhos que parecem dois faróis, couro transparente, que brilha nas noites em que aparece deslizando nas campinas, nas beiras dos rios. Conta a lenda que houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão , houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado afim de se protegerem. A boiguaçu, (Mboi=serpente, cobra / Guaçu=Grande) uma cobra que vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e faminta, decide sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão. Decide comer a parte que mais lhe apetecia , os olhos dos animais. E de tanto comê-los vai ficando toda luminosa , cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo transforma-se em um conjunto de pupilas rutilantes , uma bola de fogo, um clarão vivo, a boitatá (cobra de fogo). Ao mesmo tempo sua pouca alimentação deixa a boiguaçu muito fraca. Ela morre e reaparece nas matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego , morrer ou até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar e de olhos bem fechados. A tentativa de escapulir apresenta riscos porque a boitata pode imaginar a fuga de alguém que ateou fogo nas matas. No Rio Grande do Sul , acredita-se que a " boitatá " é a protetora das matas e das campinas. A verdade é que a idéia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece freqüentemente na literatura brasileira.
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Reflexão sobre Folclore


***Ao resgatarmos brinquedos, brincadeiras, cantigas, parlendas, lendas e mitos, e possibilitarmos que nossos alunos compartilhem a riqueza de nosso folclore que traz consigo influências africanas, indígenas e também de muitos de nossos colonizadores, estamos contribuindo para manter viva nossa História e Cultura.

Os trechos a seguir retirados do especial da Revista Nova Escola http://revistaescola.abril.com.br/folclore/, nos ajudam a refletir sobre o tema e nossa prática.


Em geral tratado de forma preconceituosa ou limitada, o folclore é uma área de saberes e expressões que merece muito mais reflexão na hora de ser abordado na escola.
No calendário, o folclore tem data marcada para ser lembrado: dia 22 de agosto. E na vida das pessoas, quando ele acontece? Ter clareza sobre essa questão é o primeiro passo para trabalhar na escola as manifestações e a importância da cultura popular tradicional.
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O folclore diz respeito à vida de cada um de nós, já que pertencemos a grupos sociais que levam adiante costumes, saberes e valores.
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Da mais simples receita culinária ao mais complexo ritual de casamento, tudo é compartilhado por um grupo e levado adiante com o passar do tempo e das gerações. Isso acontece somente por uma razão: essas tradições continuam a fazer sentido, inclusive para os mais jovens.

O folclore – ou cultura popular tradicional . São saberes que alcançam todas as expressões, conhecimentos e costumes dos grupos humanos, desde que tenham algumas características. Eles devem: 1) ser de domínio e prática coletiva, 2) transmitir-se no convívio social geralmente por meios não-formais de ensino e aprendizagem (eventualmente transformando-se nesse processo), 3) ter presença ao longo de um período histórico e chegar aos dias atuais. Algumas práticas podem ser restritas a um âmbito local ou regional, mas outras podem ser quase universais, difundindo-se por um amplo território ou aparecendo concomitantemente em mais de uma localidade. A cerâmica, por exemplo – que é o uso do barro para o artesanato utilitário – aparece em um número enorme de grupos sociais. Nas diferentes comunidades, há particularidades na técnica de manuseio do barro e na sua transformação em cerâmica, mas, de maneira geral, o processo é semelhante.
A cultura popular deve ser reconhecida pela escola, trazida para as discussões em sala de aula e considerada em práticas como a merenda e as reuniões de pais. As mais diversas expressões folclóricas se manifestam no ambiente escolar, mas passam despercebidas ou são até mesmo desaprovadas nesse contexto. Brincadeiras (amarelinha, brincadeira de taco, pega-pega, etc.), hábitos de alimentação (comer manga com feijão, farinha em todas as refeições, misturas de diferentes tipos de ingredientes em um só prato) e datas comemorativas: tudo isso está presente na vida das crianças e é, direta ou indiretamente, incorporado ao ambiente escolar. Considerar os saberes que as crianças trazem de seus contextos culturais pode levantar diversos elementos do folclore. Um aspecto importante é valorizar esse conjunto de expressões e saberes, e não tratá-los como “crendices” a serem abandonadas. Além disso, a escola pode propor projetos voltados para o estudo de diferentes aspectos das culturas populares. Quando se pensa nisso como algo presente na vida de todos nós, não se corre o risco de tratar outros costumes e expressões culturais como algo exótico e distanciado da realidade.
O folclore não faz parte do universo cultural dos alunos. Da forma como o folclore é muitas vezes tratado hoje nas escolas – limitado à menção de personagens como Saci Pererê ou Curupira – talvez não se relacione ao universo cultural dos alunos. Mas, como já citado, o folclore faz parte da vida de qualquer pessoa, nem é preciso dizer que se interessar por ele é uma forma de conhecer melhor as crianças, seus familiares e a comunidade.
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5 de agosto de 2009